domingo, 10 de fevereiro de 2008

Interface

Muitos são os factores de influência na introdução das TI em contexto escolar. Um que me parece ser especialmente sublinhado foi o da relação entre os professores e as TI, que me faz pensar, num modo mais abrangente, numa relação entre homem e máquina. Todos sabemos, e em qualquer momento, sentimos, quais as dificuldades encontradas na relação com as TI. Compreender a lógica digital, perceber para que se quer utilizar as ferramentas digitais, são questões que se põem após o passo inicial de saber manipular a tecnologia. Uma certa incapacidade bastante generalizada de não se saber utilizar o computador é algo que apontamos a nós próprios, enquanto classe, com algum sentido de humor ou nem por isso, com muita frequência. Mas a questão aqui talvez não esteja só numa falta de flexibilidade dos professores. A ajudar (ou a desajudar) ao problema está, parece-me, uma questão de interface.

Quando as pessoas se queixam de que não sabem utilizar o computador, muitas vezes fazem-no por não conseguirem perceber a interface. Muitas (essencialmente, a maioria) das acções de formação no domínio das TI destinam-se a descodificar interfaces de programas - para se perceber que recursos utilizar é preciso saber que eles existem, e onde eles estão disponíveis. Aqui o paradigma de design instituído não ajuda muito... nunca cessa de me surpreender que um interface, um ambiente de trabalho desenhado para ser facilmente compreensível e acessível como o ambiente Windows origine tantos problemas de incompreensão. Com o tempo, habituámo-nos aos interfaces visuais existentes, com todas as suas peculiaridades, e nem nos ocorre que, possivelmente, possam ser um factor que prejudique a utilização das TI. Diria que há ruídos na comunicação entre a máquina e o utilizador.

Como exemplo, duas capturas de ecrã, de dois programas que utilizo regularmente com os alunos. Ambos os programas servem para o mesmo - pintura digital, com simulação realista das texturas de mediuns e suportes de pintura.


O ArtWeaver é um programa muito completo, open source, cheio de recursos pictóricos.


O ArtRage é um shareware limitado, com funções bloqueadas.

No dia a dia, os alunos escolhem intuitivamente trabalhar com o ArtRage. A razão parece-me simples (e é razão pela qual uso o programa na sala de aula): o interface é intuivo e acessível, não há menus escondidos debaixo de menus e uma confusão visual de botões icónicos. Os alunos só têm que se preocupar em criar, aplicando as ferramentas com total liberdade expressiva.

Link para uma página dedicada ao design de interfaces de Kai Krause, que criou o interface do Bryce, que pensa verdadeiramente differente sobre a forma como comunicamos com o computador: The Interface of Kai Krause’s Software

Não por acaso, o Art Rage foi desenhado por elementos da equipa de Kai Krause que desenhou o Bryce.

Sem comentários: